Do que constam

12 de dezembro de 2011

Entre o dia e a noite: alfaces e bicicletas

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Naquela tarde você me ensinou a andar de bicicleta e disse para que eu olhasse sempre para frente.

Depois, fomos ao quintal e plantamos algumas sementes de alface. Eu indaguei que hora voltaríamos para colhê-las e você deu um riso largo e disse: “estão plantadas, vamos esperar.”

A noite caiu e eu ganhei meu beijo de boa noite.

Na manhã do dia seguinte, quando eu acordei, você já não estava mais lá. E o dia pareceu continuar como a noite.

As alfaces cresceram, a bicicleta foi substituída por uma moto, mas meus dias continuavam uma noite. Era triste chamá-lo e não ouvir sua resposta. Visitava-o em seu novo lar, mas jamais compreendi o porquê das pessoas trocarem suas casas por aqueles lugares apertados.

Você longe, as alfaces já colhidas e a bicicleta encostada.

Vi, malgrado nunca quisesse, que era preciso plantar coisas boas, afinal jamais saberíamos se seria nós mesmos que as colheríamos...

Vi, com a dor dos que sentem, que a vida é rápida e o que importa são os momentos de adrenalina em que vento sopra mais forte no seu rosto e a sensação de medo parece ser maior que a de coragem. Mas vi, principalmente, que mesmo nestes momentos, sempre haverá alguém para lhe dizer: “olhe para frente!”

Vi ainda que a noite continuava em meu coração, mas dessa vez a vontade de ver o dia havia passado, pois aprendi que é somente na penumbra que se enxerga as estrelas... 

9 de dezembro de 2011

Discurso de Posse na Academia Juvenil de Letras Machado de Assis

L | iteratura

Caros membros da Academia Juvenil de Letras Machado de Assis,

Dirijo-me desejoso de que a paz e o bem estejam com todos!

Peço vênia para, em menção, trazer até este momento aqueles que por motivos diversos não se encontram sob este mesmo teto: minha família, meus amigos de Minas Gerais e de forma muito especial, meus poetas e filósofos favoritos, quais sejam, Betânia Pereira, Paulo Vitor, Diego Mégda, Luis Marcelino – o Dom, Vinícius Cruz e Heitor Benetti, bem como os irmãos da República Vermelha.



A honra e o agradecimento de ter sido escolhido pelos membros desta promissora Academia são tamanhos que palavras me faltariam para manifestá-los. Assim, não me resta senão o desejo de que minha reverência pela concessão da Cadeira patroneada por Rui Barbosa seja expressa em todos os momentos que aqui estiver.

Resta ainda o desejo de que a estola que ornará meu peito, não me sirva de status social, mas de constante lembrete de meus compromissos em favor do engrandecimento da Literatura, das manifestações artísticas e da Juventude.

Que a cadeira deste nobre salão, a qual me foi destinada, não seja confortável suficiente para que o comodismo me alcance, mas  que eu seja um real construtor de uma sociedade nova.


Que minha voz não seja ouvida neste templo do saber quando proferir contra a lealdade, hombridade e misericórdia. Mas que ecoem a todos, quando meus brados forem políticos e clamarem por uma sociedade mais justa.

Que a gravata e o sapato lustrado, aos quais adentro este salão, não me afastem de minhas origens humildes das serras mineiras, onde o homem também é conhecido pelo seu braço forte para trabalhar.


Sendo assim, peço aos nobres colegas acadêmicos que me ajudem nesta nova empreitada e que eu consiga honrá-los pela confiança que depositaram em mim.

Que Deus esteja conosco! Tenham uma boa tarde!

(Discurso proferido na Cerimônia de Posse do Acadêmico Rafael Henrique Gomes. Campinas, 13 de Agosto de 2011)